sexta-feira, julho 29, 2005

Homens verdes civilizados?

Ir a Lisboa de carro é sempre uma aventura. Não pelo perigo que potencialmente representa (condutores que não conhecem piscas, condutores sem visão periférica, condutores para quem a Av. de Berna e a Auto-estrada do Sul são equivalentes nas possibilidades de aceleração), mas pela diversidade de experiências que proporciona. Estacionar o carro é sem dúvida um dos momentos altos (se não "o momento")e está inevitavelmente relacionada com uma das profissões que mais repulsa me provoca: a dos homenzinhos verdes. Andam em bandos, com disposição vampiresca, prontos a atacar qualquer inocente viatura que esteja despida do seu bilhete de pagamento de parquímetro. Como qualquer maricas que se preze, tremo quando os vejo passar em manada, esconjuro maldições na esperança de que um dia seja o carro deles a cair na teia. E qualquer ida a Lisboa que implique estacionar o carro contém este momento de expectativa: é desta que vou largar couro, cabelo e mais por causa de um homenzinho verde?
Há poucos dias vi concretizado o meu maior pesadelo. E surpresa das surpresas, espanto dos espantos, o envelope ameaçador, potencialmente carregado de valores exorbitantes a serem sugados do magro rendimento mensal, tinha apenas um aviso. "Senhor x, tem de nos dar 2 euros, relativos ao período que esteve neste espaço sem pagar". Este gesto mexeu com o mais íntimo do meu ser, que até sou ecologista e que até acho que os parques dentro da cidade devem ser pagos (não fosse a preguiça e não teria estes devaneios automobilísticos que se tornam perigosamente mais frequentes). Os nossos antigos vampirescos e sugadores homenzinhos verdes transformaram-se em simpáticos senhores que alertam o condutor, paga lá o parque, vá, nem sequer o devias trazer para a cidade. Este foi o pensamento imediato e empático de alguém que espera ter de pagar 150 euros e tem de pagar 2. Depois voltei a mim (uf) e pergunto-me: qual é a vantagem que há nisto para a empresa mãe dos homenzinhos verdes? Seriam as multas ignoradas? Terá havido muita barulheira por causa dos reboques?
Aceitam-se sugestões...