quinta-feira, outubro 25, 2007

Orientação, o desporto da floresta

Recentemente, tive oportunidade de participar nalgumas «experiências de orientação». Sim, «experiências». Os preceitos são tão rigorosos que qualquer amador se sente perdido: eles têm bússolas minúsculas, presas com um elástico ao polegar; eles usam fatos rídiculos com cores horripilantes e feitos de um tecido sintéctico que suponho ultra-leve, para não afectar a velocidade durante as provas; eles calçam sapatos especiais que lhes garantem melhor prestação durante a corrida; eles usam meias grossas até ao joelho para não serem picados pelos obstáculos que encontram no caminho; eles têm chips presos à mão com um elástico, que registam os dados de todas as provas e que têm de ser picados durante todos os pontos; eles dobram o mapa cientificamente em quatro, manipulando-o como se de um prolongamento do corpo se tratasse.
Quando chegamos ao local da prova, todos sabem o que fazer: uns correm descontraidamente, aquecendo os músculos para o grande momento; outros preparam as fatiotas, assegurando que bússola, mapa, fato, ténis, meias, chip!, tudo esteja dentro dos conformes. Começa a sentir-se a ansiedade do início: o mapa já está mais que estudado, todos sabem onde começar. Bem, nem todos, há sempre 4 ou 5 pacóvios amadores - como eu - que param logo depois do momento da partida e ficam a olhar para o mapa, como se olhassem para uma mensagem codificada que lhes dará o acesso a um lugar no céu...
Depois vem a prova. Corredores com olhar esgazeado saltam de entre as moitas, quais gazelas olhando fixamente o horizonte em busca do ponto onde terão de picar o chip. Vêm de todas as direcções, com o azimute bem traçado e correm velozmente para chegar mais cedo ao ponto pretendido. Cruzam-se sem trocar impressões. Todos sabem o que fazer e onde querem chegar. Claro que há alguns que, não estando tão informados, observam atentamente os profissionais, pensando "será que é porque não tenho fato de licro nem sapatinhos que fazem ´tac´ ´tac´´tac´?" ou "será que não dobrei o mapa com a ciência requerida?" ou ainda "devia comprar uma bússola daqueles de trazer na mão. Deve ser isso".
Finalmente o final. Depois de hora e meia, numa mata militar, a olhar para um mapa e a procurar mini-tendas cor-de-laranja que guardam máquinas preciosas onde se insere um chip, correndo com os bofes de fora, sonhando com o sofá, o AXN, a FOX, sonhando com a esplanada à beira-rio onde se passa uma tarde de sábado tão prazenteira, depois de hora e meia no capim, quase idêntico ao da savana, dizia eu, o final.
O oásis da chegada. Parece que têm comida. Afinal valeu a pena!
O quê? garrafas de água - pequeninas!!! - e maçãs. Também há barritas de cereais. Barritas de cereais???
Terá valido a pena?